domingo, 21 de dezembro de 2008

Meu Mundo


Era um mundo um pouco diferente do que conhecemos. Neste, também havia muitas formas de vida, mas a humanidade deste mundo andava lado a lado com o animal que era parte de seu espírito. Cada ser humano possuía um forte laço com o espírito de um animal que os acompanhava sempre. Era um mundo em que a solidão não existia, as pessoas nasciam e morriam junto com seus companheiros eternos. Além de companheiros, refletiam a personalidade do humano ao qual estavam ligados. Na infância os animais não tinham forma definida, podiam mudar de forma dependendo da situação. Isso se explica pelo fato das crianças não terem ainda uma personalidade bem definida. Com a maturidade os animais tomavam sua forma definitiva. As pessoas são dotadas de traços muito fortes de caráter que refletem na forma de seu companheiro animal.

Tudo o que um sentia o outro sentia, suas mentes e corpos são ligados e muitas vezes as palavras são desnecessárias; apenas um olhar basta. Os homens e seus animais nunca podem se distanciar, isso causa uma dor muito intensa e pode levá-los à morte. Era um mundo interessante pois as pessoas conheciam e podiam ver o animal que existe em cada uma delas, eles sempre estavam ali, caminhavam lado a lado. As pessoas tinham mais respeito umas pelas outras e pelas diversas formas de vida que existiam, não era preciso que existissem homens que explicassem às outras pessoas a importância de se preservar a diversidade de vida na terra; todos compreendiam. A diversidade de traços de personalidade dava forma aos animais das pessoas, mas seus companheiros eternos só poderiam assumir a forma de animais que existiam no planeta; caso uma espécie fosse extinta, com ela também desaparecia uma combinação de traços de personalidade únicos que jamais voltaria a aparecer. A única exceção em que os animais de adultos podiam mudar de forma ou assumir formas de animais que não existiam tais como dragões, fênix, grifos, cavalos alados, era quando os homens estavam sobre o efeito de alguma espécie de planta que provocava intenso relaxamento ou sob efeito do álcool. Era muito interessante observar como as pessoas e seus animais se divertiam nessas situações.

Eles e seus animais haviam crescido juntos, a forma da lebre se fixou antes. Pertenciam a povos diferentes, mas eram inseparáveis. A lebre refletia a sagacidade, inteligência e esperteza daqueles que tem raciocínio rápido e estão sempre prontos para argumentar e agir. Era mestre na arte do improviso e com tais atributos não era difícil para ele enrolar aqueles não dotados da mesma sagacidade. Um exemplo bem simples e prático que reflete a lebre que existia nele eram os jogos de baralho. Quase nunca se dava mal porque raramente encontrava um adversário que não pudesse enganar ou derrotar com uma boa estratégia, estava sempre a um passo a frente de todos. Seu amigo sabia disso e também tinha consciência que nunca era uma boa idéia dizer para ele: “duvido!” ou “vamos apostar?”, quando via alguém pronunciar tais palavras para seu amigo apenas esboçava um sorriso de canto de boca pois sabia que o cara já tinha perdido e nem sabia. Outra característica interessante era que sua companheira lebre falava mais que o normal para um animal e sempre o ajudava nas discussões ou jogatinas, era uma sinergia incrível.

O companheiro de seu amigo demorou um pouco mais para se fixar, mas acabou tomando a forma de um lobo cinzento fêmea. Ele tinha a necessidade de ver coerência e sentido naquilo que observava, as pessoas tinham que ser aquilo que elas falavam que eram. Não era dotado da sagacidade e inteligência de seu velho amigo, mas era firme e bastante consciente. O que explica a forma lupina de sua companheira. Lobos são predadores de topo de cadeia alimentar, caçam presas maiores que eles e precisam fazer isso em bandos; eles tem consciências que o bando é fundamental para a sobrevivência, não são arrogantes e sabem que devem manter-se firmes durante o inverno rigoroso que enfrentam todos os anos. Sua personalidade foi moldada desta forma e por isso não tolera os que fraquejam em momentos difíceis, se quiserem fraquejar que o façam longe dele.

Com o tempo a lebre conheceu um belo gato siamês, animal gracioso, delicado e um pouco tímido, características que compartilha com sua companheira. Era uma relação bela de se ver, uma relação de carinho e cuidado recíproco, o velho amigo e sua lebre realmente pareciam precisar de alguém com tais qualidades para olhar por eles. Seu amigo adora ver os dois juntos, apesar de sua descrição, toda vez que os encontra isso fica bem claro com o incessante balanças de rabo de sua loba.

Essas são apenas pessoas comuns desse mundo e com freqüência podemos encontrá-las sentadas em uma mesa de bar jogando conversa fora, discutindo dramas pessoais ou simplesmente tomando uma cerveja e gargalhando de seus animais assumindo formas bizarras e interessantes. Fazem parte de uma realidade em que a celebração, o respeito e o amor à vida são tudo o que há de mais sagrado.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Travessa dos poetas de calçada


Esse é um texto de um grande amigo meu, e com sua autorização posto aqui. Abração Gabiroba!


Aos poucos, o sol fica mais intenso e eles saem das sombras, das cinzas, da poeira de asfalto. Do orvalho matinal que seca no calçamento de pedra portuguesa eles brotam do concreto fértil, pelas travessas, pelas ruelas que de abandonadas, começam a engolir gentes atraídas para seus recônditos, para seus prédios. À medida que o centro enche, eles nascem, montam suas estruturas em madeirite, em pequenas telas de exposição. Iniciam longas conversas, fumam pelos cantos marcando território, observam as pessoas chegando para o trabalho. São os poetas da calçada, trazendo todo o lirismo chinês, toda sorte de pequenos badulaques, cintos, roupas, bolsas, comidas. Estendem pedaços de lona no chão de pedras brancas encardidas por borracha de sola de sapato. Os passos que vão crescendo e se tornando incessantes após a alvorada vibram em seus peitos, em seus corações, em suas vozes. Bonés, camisetas regadas, anéis de aço, bigodes em rosto de pêlo raro.

Fumando na porta do prédio vizinho ao Theatro Municipal, acompanho um rapaz desenrolando sua lona azul, tirada de dentro de uma bolsa preta entulhada de produtos chineses de baixa qualidade. Monta uma estrutura sanfonada de finos pedaços de madeira, tira umas tabuinhas, alinha as mesmas sobre a estrutura. De dentro de sua bolsa revela ao mundo o lirismo que ele trouxe para o burocrata cansado se relaxar em casa, um massageador à pilha. Observo as caixas do produto, umas fotos de pessoas em roupa de academia, aquelas de lycra colada ao corpo, de pé, fazendo poses e sorrindo com o massageador na mão, aplicando em partes variadas do corpo. Fotos ocidentais, produto made in China, seguramente. Ele sequer termina a montagem, um gordão em cavanhaque e terno-e-gravata o aborda para experimentar aquela poesia concreta, de rua. Imagino-o, gordaço, sentado no sofá, em frente à TV, numa sala imunda de algum surbúrbio, vendo rede bobo, o ventilador de teto chacoalhando lentamente, o suor escorrendo farto de suas axilas e testa, a mão brilhante com o massageador deitado sobre sua pança, vibrando suas carnes, suas gorduras.

Não há como negar. É a pura poesia de calçada. Infelizmente o gordão não faria naquela noite um ritual bizarro de onanismo corporal com aquele consolo gigante. Achou caro ou algo do tipo, deixou o poeta de calçada barganhando ao vento, gritando preços especiais enquanto o
terno mal cortado partia apertado no corpo do gordão. Mas os gritos continuam cortando a rua, no meio do barulho de sapatos, de salto-altos que mulheres parecem andar como cavalo recém-ferrado, de gentes pensando alto, conversando, absortas por algo místico do mundo. A multidão beira o infinito, incessante, perene.

Do outro lado, um rapaz termina de montar a exposição de um catálogo de DVDs. Mais da metade dele com a poética de falos gigantes em traseiros e bucetas de loirinhas que parecem ter quinze anos. Negros com pirocas de jegues, estourando as bucetinhas oxigenadas de mulheres
fazendo cara de prazer enquanto lágrimas correm por seus rostos. 'O melhor do anal', 'brasileirinhas', etc, etc. Vezenquando uns gatos pingados param numa postura pensativa como a daqueles que param na banca de jornal vizinha para ler as notícias nos jornais expostos nas laterais. Rapazes lavam o chão encardido com um limpa tudo, os círculos alvos pelo calçamento comprovando a eficácia de uma química que destrói suas mãos já há muito calejadas. Quando desço, depois das 18h, todos já se recolheram à sombras.

*A travessa dos poetas de calçada é uma fenda no meio de prédios
gigantescos na treze de maio, cinelândia.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Rafael


Rafael era seu nome; ele andava pela terra como qualquer outro mortal, mas era um anjo mandado para a terra com a missão de compreender sentimentos e percepções humanas: Amor, medo, tranqüilidade, ódio, paixão, rancor. Gabriel, arcanjo da mais alta hierarquia, acreditava que seus irmãos poderiam crescer espiritualmente e compreender melhor a fascinação de Deus pelos homens. Rafael foi voluntário e logo que chegou a terra sentiu uma dor física imensa, como a de um bebe que respira pela primeira vez, mas o anjo veio na forma de um homem adulto, estatura mediana, barba, cabelo curto e pele negra. Caiu na terra em um beco escuro; estava atordoado com a dor, assustado correu para sair do beco e foi atropelado por um carro que passava na rua. Foi levado a um hospital onde conheceu Pietra, a enfermeira que lhe deu conforto e cuidou de suas feridas. Logo de cara eles se sentiram atraídos um pelo outro, com o tempo ele a amava com toda a intensidade que um homem pode amar uma mulher; graças a ela experimentou sensações que ele nunca imaginou existir.

Rafael e Pietra ficaram juntos por três anos. Nesse intervalo de tempo ele conheceu Antônio, o homem mais descente com o qual ele teve contato. Tornaram-se amigos e com freqüência tomavam uma cerveja ao som de bandas como Lynyrd & Skynyrd, CCR, Eric Clapton, apenas com o intuito de desfrutar da companhia um do outro,trocar idéias, ouvir boa música e sentir suas percepções ligeiramente alteradas. Quando Pietra deixou Rafael ele sentiu uma dor terrível; não era algo físico, mas o desespero de saber que nunca mais poderia olhá-la nos olhos e sentir a cumplicidade que só os que se amam sentem, não poderia mais sentir o corpo dela procurando pelo dele em uma noite fria; teria que se acostumar com a ausência do cheiro dela por perto pois o amor que ela sentia havia acabado. O anjo sofreu por três longos meses, principalmente após vê-la com outro. Sentiu ira, rancor e conheceu a besta que existe dentro de todos os homens. Apesar de rejeitado e com orgulho ferido, se esforçou muito para não julgá-la mal e não o fez. Ela jamais ouviria uma palavra grosseira de sua parte, ele que controlasse seus demônios.

Alguns dias foram mais difíceis que outros e Antônio sempre esteve presente. Rafael pode compreender o que seria a amizade, seres humanos são animais sociais e precisam de companhia. No princípio o anjo acreditava que o melhor mesmo seria caminhar sozinho por esse mundo e que ele mesmo que cuidasse de suas feridas, mas Antônio lhe ensinou que as coisas não são bem assim. Sua história com Pietra e sua amizade com Antônio lhe ensinaram a ser paciente com as pessoas, a não deixar que seu amor tire sua dignidade e a enfrentar a dor de sua solidão; só agindo desta forma percebeu que sua natureza humana pode obter paz e assim cresceu emocionalmente. Sua missão estava cumprida, agora ele era capaz de compreender a fascinação de Deus pelos humanos. Apesar de todo o sofrimento que eles podem sentir eles são capazes de se recuperar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Humanidade, Um Olhar Adaptativo



A história evolutiva da nossa espécie é bem peculiar, não encontramos em nosso planeta nem uma espécie próxima à nossa. O mais próximo que podemos chegar são os Chimpanzés e Bonobos, sendo que tínhamos um ancestral comum com esses animais há cerca de cinco a oito milhões de anos. Há uma hipótese que diz que nossos ancestrais não estavam sujeitos a muitas pressões seletivas do meio ambiente como predadores e variáveis ambientais, seriam “ecologicamente dominantes”, a grande pressão seletiva que nos fez chegar onde estamos hoje teria sido causada por mudanças em seu comportamento social e psique humana. De acordo com essa hipótese nós teríamos evoluído com um misto de cooperação e competição dentro de grupos de indivíduos da mesma espécie. É esperado que indivíduos dentro de um mesmo grupo cooperem, o ponto chave seria tentar fazer com que outros grupos também cooperassem com os interesses do seu grupo. É razoável pensar que um grupo com indivíduos capazes de convencer outros grupos a cooperar com seus interesses tenderiam a obter mais recursos do meio e deixar mais descendentes que herdariam essa mesma característica. O grupo com tal capacidade afetaria a sobrevivência dos outros.

O cérebro pode ser visto como uma ferramenta social. Dentro do cenário ilustrado acima, o aumento da capacidade cerebral foi uma característica selecionada pois possibilitou com que o homem lidasse com incertezas sociais. O verdadeiro desafio que nossa espécie enfrentou foi lidar com seus companheiros humanos. Deste modo podemos observar hoje em nossa espécies características interessantes que teriam surgido em nossos ancestrais, a capacidade de prever eventos e cenários é uma delas. Um exemplo bem simples: imagine que seu chefe está em uma reunião para decidir se você ganhará um aumento ou não, você logo começa a pensar: “bom, se ele me der um aumento seria massa eu terei mais grana para juntar e comprar um ap, sair da casa dos meus pais, poderia viajar todo ano sem ter maiores preocupações, vou ter grana até janeiro para mandar arrumar aquele meu carro velho que só dá prejuízo...”. Essa é uma característica interessante para um grupo que encontrará outro não muito disposto a cooperar, ele pode prever o que está por vir e ser favorecido por isso. A consciência também é algo muito interessante, ela Possibilitou que o homem se percebesse como o outro o perceberia. Deste modo ele pode mostrar para o outro o que o outro gostaria de ver, favorecendo a cooperação.

Quando trabalhamos com biologia evolutiva o que observamos é, basicamente, o que um indivíduo deseja (isso não implica que o fazem de forma consciente) é aumentar o seu fitness (o número de seus genes em uma próxima geração). De forma direta um homem pode fazer isso tendo filhos com várias mulheres. Muitos dos comportamentos que possuímos tem uma base biológica que foi moldada pela seleção natural e uma coisa é certa, não há na natureza altruísmo puro e simples. Para tornar meu ponto mais claro: as pessoas boazinhas não existem!

Agora, vamos fazer um exercício de imaginação. Imagine uma pessoa que tem uma banda de rock and roll, que escreve músicas bonitas e que falam de sentimentos nobres, é alguém que se preocupa com os outros e também com bem estar dos animais. Isso soa muito anos 70, woodstock, paz e amor, é por aí. O que você me diria dessa pessoa? Não tem como você não gostar de alguém assim não é? Claro que não, pois se trata de uma pessoa vista pela nossa sociedade como boa. Esse é um primeiro ponto, uma pessoa que é vista como boa pela sociedade tem um ganho de status. Mais mulheres podem se interessar por ele, o que pode resultar no aumento de seu fitness. Uma banda de rock é uma boa forma de mostrar tais atributos para um grande grupo de pessoas, acredito que uma banda de rock seja uma boa estratégia de aumento de fitness para todos os que fazem parte dela. Pense em bandas de rock que fizeram muito sucesso, os caras tinha dinheiro, fama e muitas mulheres a sua volta. Um exemplo clássico: Gene Simmons (baixista di KISS), dizem que ele foi um dos homens que mais fez sexo com mulheres diferentes na história. Mesmo que ele não seja o “campeão” o fato é que tocando em uma banda de rock de sucesso ele conseguiu aumentar seu fitness. É importante lembrar que a base biológica do comportamento existe, mesmo que de fato o fitness dele não tenha aumentado, já que não necessariamente as mulheres tiveram filhos dele.

O comportamento pode refletir características adaptativas, em nossas vidas com freqüência fazemos análises de custo e beneficio das situações; mesmo que seja algo inconsciente. É comum que pessoas ou amizades sejam despensadas quando os custos de se estar com alguém ou ser amigo de alguém são maiores que seus benefícios. Os animais foram moldados pela evolução para confiar em suas percepções sensoriais, mas nossa história evolutiva permitiu que conseguíssemos enganar as percepções alheias; acredioto que em algumas circunstâncias até mesmo as nossas. Confesso que meu problema não é com a nossa história evolutiva e sim com as certezas de alguns homens que confiam exageradamente em suas percepções, e o quão hipócritas e egoístas eles podem ser e ainda capazes de se mostrar para o mundo como pessoas “boas”. Somos animais morais, mas não naturalmente morais, por isso devemos analisar as nossas percepções de forma crítica antes de concluir algo, pois talvez nossa percepção não seja tão verdadeira quanto pensamos.
“The firs step to being moral is to realize how thoroughly we aren’t”.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

São Francisco de Assis


Não me importa o que você vá dizer do que a religião católica é capaz de fazer, muito menos do que pessoas são capazes de fazer em nome de um Deus ou até mesmo em nome de santos. Sei que nós humanos destruímos idéias boas em nome de uma instituição, mas não é por isso que vou deixar de admirar um cara, mesmo que ele seja somente uma história cheia de exageros e mitos, afinal de contas, às vezes é bom acreditar naquilo que é mentira, a mentira pode nos tornar mais humanos. Mas não vou discutir o papel da religião, ou de Deus, ou da igreja, nem mesmo quero divagar sobre a fragilidade das religiões perante uma humanidade fraca. O que eu quero realmente é escrever sobre a importância de um tipo de homem, na verdade, sobre dois tipos de homens, e um desses tipos está muito bem representado por São Francisco, cujo dia é o 4º desse mês. Esse santo que veio ensinar muita coisa sobre humildade, caridade, um homem com uma ligação com a natureza fortíssima, mas não é sobre essas coisas que venho aqui escrever. São Francisco, para mim, tem uma lição por trás de todas essas, e é sobre a importância do subversivo, é o novo, é o diferente, é o outro caminho.
Por que?
Ele largou tudo e peitou o papa, chamou o santo padre para o pau! Mostrou para o papa que ele era somente humano, e que poderia estar enganado em muitas de suas idéias. Falou para o maior posto da igreja católica que ele estava equivocado, porque Deus havia dito algo diferente para ele. Louco! Talvez, mas quem me conhece sabe que gosto da idéia de que a loucura tem um pingo de sabedoria.
Não que Francisco tenha sido o primeiro a bater de frente com um papa, afinal de contas São Paulo fez o mesmo com São Pedro. Em algumas cartas de Paulo eu percebi um atrito sério entre eles e os outros apóstolos (e cá entre nós, os apóstolos eram meio burrinhos porque não entenderam nada que Cristo ensinara).
E esses dois santos representam os dois tipos de pessoas importantes: os conservadores e os subversivos.
Mesmo tendo uma tendência a gostar mais dos subversivos do que dos conservadores, de vez em quando é necessário abaixar a cabeça para o antigo, o novo nem sempre está certo. É o mesmo que o careta e o porra-louca, o mundo estaria perdido se existisse somente um deles. Um cria regras e o outro as derruba, algumas se mantem, outras são criadas no lugar das que cairam, e assim a humanidade cresce.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Encruzilhadas


Na vida, com certa freqüência, passamos por encruzilhadas onde podemos ver alguns caminhos a serem seguidos. O mais interessante é que sempre há aquele caminho mais seguro que o senso comum diz ser o mais sensato, o qual traz uma boa quantidade de dinheiro em um curto espaço de tempo. Existem aqueles que se enquadram perfeitamente a esse tipo de rumo que a vida vai levar, mas e aqueles que não se encaixam? Para esses a estabilidade não é o mais importante, não é uma questão de valores, mas o caminho mais seguro simplesmente não é o mais atraente. A vontade de tomar um rumo diferente é mais forte mesmo que seja mais longo e com pouco retorno. O tipo de vida é o que mais atrai, os riscos, os tipos de conquistas que podem ser feitas, o sucesso como homem que passa por esse mundo e deixa a sua marca mesmo que sendo insignificante em uma escala geológica de tempo ou aos olhos dos homens limitados, mas que faça a diferença para outros seres vivos ou até mesmo para algumas pessoas.


A idéia não é ser alguém virtuoso que abre mão de uma serie de coisas por um ideal, isso é bobagem. A resposta está no simples fato de se sentir bem fazendo algo, completamente em paz. É como aquela sensação que temos quando estamos diante do mar em uma agradável manhã ensolarada, então fechamos os olhos para sentir o vento batendo em nosso rosto e farejar a maresia. Neste momento de tranqüilidade, surge um pensamento: Eu estou exatamente onde eu deveria estar.

"There's a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving..."
Jimmy Page / Robert Plant

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Lado Bicho


Embora muitos prefiram ignorar, há uma base biológica para o comportamento humano. Ao longo da história evolutiva do homem nossos ancestrais foram expostos a situações adversas, mas foram capazes de deixar descendentes. A nossa história nesse planeta tem suas peculiaridades, mas também apresenta semelhanças com a de muitas outras. O fato é que existe um animal dentro de nós que muitas vezes faz aflorar comportamentos não muito louváveis. Meu objetivo não é justificar a falta de caráter, trapaça e falta de moral dizendo que seriam características adaptativas. Por exemplo: um humano que mente e engana tenderia a deixar mais descendentes férteis do que um que não faça o mesmo. Apesar de fazer certo sentido, é importante lembrar que somos criaturas que tem uma fascinante e complexa habilidade de aprender. Não podemos ser deterministas dizendo que nossa base genética determina o nosso comportamento, mas é inegável que existe uma forte influência. Pare e pense, indivíduos da mesma espécie tendem a competir por recursos como alimento, abrigo, defender território. Alguma vez você já parou para pensar no por que de alguns comportamentos que temos? Por exemplo: se você estivesse com fome, e há apenas dois pedaços de pizza sobre a mesa da cozinha de sua casa. Você sabe que sua irmã e o namorado também vão chegar famintos, o que você faria? Garanto que a maioria comeria os pedaços, no máximo deixaria um para a sua irmã. Esse seria o animal egoísta que existe em todos nós, é preciso garantir a sua sobrevivência em primeiro lugar. Caso tivesse existido um indivíduo muito altruísta no passado que se sacrificaria pelos outros, principalmente aqueles que não são seus parentes, seria esperado que este indivíduo se reproduzisse menos, deixaria menos descendentes férteis e esse traço altruísta da personalidade tenderia a desaparecer. A questão do altruísmo é um pouco mais complicada, na natureza observamos que certos sacrifícios são feitos por parentes e muitas vezes têm uma relação com o grau de parentesco (ou grau de patrimônio genético que dois indivíduos têm em comum). Na verdade um ato altruísta entre parentes não seria tão altruísta assim, pois um irmão que deixa um pedaço de pizza para a irmã estaria protegendo parte de seu patrimônio genético que se encontra na irmã, já o namorado que se foda.

Meu objetivo não é mostrar como somos animais perversos. As pessoas são fascinantes, mas muitas vezes se esquecem do seu animal interior. Precisamos estar em contato com o nosso lado bicho para sabermos como interpretar e agir diante do que sentimos. Recentemente assisti a um filme de ficção muito bom, chamava-se “A Bussola de Ouro”. Era um mundo em que cada ser humano tinha um companheiro eterno que era um animal. O mais interessante é que cada animal, tanto aparência quanto o comportamento, teriam uma estreita relação com a personalidade de seu companheiro humano. Nesse mundo os homens podiam ver seu lado animal, conversar e chegar a conclusões juntos. O que desejo para os que lerem esse texto é que encontrem seu lado bicho e possam aprender alguma coisa com ele, além de respeitar o animal que existe nas outras pessoas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Aos politicamente corretos


Desculpem-me os politicamente corretos, mas gostaria que todos vocês fossem tomar no meio do cú de vocês. Em um fim de semana que passou estava eu em Cavalcante com um amigo sentado a mesa de um bar depois de uma semana inteira de ralação para fazer acontecer um curso. Foi foda, deu um trabalho do cão e estávamos em nosso momento de descontração. Falávamos um monte de besteira e surgiu um relato a respeito de um figura que em um encontro estudantil ficou pelado e deixou que enfiassem pasta de dente em seu rabo e mostrassem para todos. Eu não tenho nada haver com a vida de ninguém, mas uma pessoa faz um relato desse na minha frente na mesa de um bar e quer que eu não caia matando? Aí já é pedir demais. Sacaneamos esse povo “excêntrico” até a exaustão. Não era nada pessoal, afinal não conhecíamos o sujeito, mas falar besteira pode ser bem divertido quando se está em boa companhia.



Confesso que estávamos inspirados nessa noite e começamos a falar de música. A música do bar era excepcional, ouvimos CCR, Raul Seixas, Zé Ramalho, Almir Sater, Zé Geraldo e quando começou a tocar uma música dos Beatles começamos a tirar um sarro deles também, afinal esse é um dos motivos da existência de uma mesa de bar. Eu comecei: “Para mim o John Lennon e o Paul Mccartney eram umas bichinhas arrogantes...” e por aí eu fui. Vamos combinar, eles fizeram músicas maravilhosas mas eram dois chatos de galocha. Também falei bem do George Harrison, o Beatle mais legal. No momento em que abordávamos esse assunto reparei que uma das meninas saiu incomodada com o papo, na hora nem liguei porque estávamos em um momento de descontração, depois percebi que ela ficou indignada porque estávamos dizendo coisas que “não deveriam ser ditas” ela se incomodou porque estávamos chamando um monte de gente de bicha e de seu ponto de vista estávamos sendo homofóbicos. Eu não acreditei, a guria nos julgou só porque usamos uma palavra que ela não gostou e estávamos tirando o maior sarro de tudo e todos. Sentir-se incomodada pelas besteiras que falávamos tudo bem, mas nos julgar por isso?



É por isso que os politicamente corretos me irritam, são muito apressados em seus julgamentos, se acham melhores que os que não compartilham de sua opinião e enxergam as pessoas como uma coleção de clichês. A pior parte é que a guria já nos conhece a um bom tempo, e mesmo assim nos julgou como qualquer idiota que acaba de conhecer alguém e tenta encaixar uma pessoa em um estereotipo. Acredito que as pessoas são complicadas demais para serem julgadas de forma leviana e sem um mínimo de cautela. Poucas coisas me deixam puto como isso. Vocês, politicamente corretos, deveriam ler mais, andar mais por esse mundo, conversar mais com as pessoas desde o mendigo da esquina que te pede dinheiro para a cachaça até a vovozinha que leva o seu poodle para passear. Se fizessem isso veriam que apesar das aparentes diferenças somos mais parecidos do que imaginamos, desta forma acredito que seriam mais cautelosos em seus julgamentos. Como vocês não conseguem pensar com clareza, aí vai um toque: vocês não são melhores!


Texto gordo


Pensei em te escrever um texto leve, mas de escritor gordo só sai texto recheado, porque coisa leve não engorda e não tem gosto.

Não escrevo coisa magra porque você tem gosto demais para ler coisa sem graça, não escrevo coisa sem graça porque quero que o texto ao ser pronunciado pela sua boca, deixe o mesmo gosto doce que tenho na minha ao te beijar.

Quero que meu texto encha seus olhos da mesma maneira que os meus crescem ao te ver. Quero que prenda sua respiração da mesma maneira que prendo a minha quando estamos juntos na cama. Quero que essas palavras te façam perder as suas, da mesma maneira que não pronuncio as minhas na sua frente. Quero palavras gordas para você sentir todos os pesos que sinto em nós.

Mas não quero lágrimas, mas se elas rolarem as roubo de ti para fazer uma piscina de águas salgadas para brincarmos brincadeiras de amantes, para brincarmos de Niterói porque por enquanto Niterói nos falta.

E no fim do meu texto, não deixo nenhuma sobremesa, porque não sei se consigo escrever melhor que faço brigadeiros, então, se você ler e sentir falta da conclusão, vem e me fala: quero um brigadeiro.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sonho Lúcido


Há muito venho tentando alcançá-lo, perante a injustiça de que muitos conseguem tal experiência com facilidade e até com certa freqüência. Li sobre o assunto, descobri um psicólogo que treinou sua mente a alcançar tal estado de consciência em seu inconsciente chegando a ter vários sonhos lúcidos por noite. Treinei-me, havia conseguido apenas uma vez um estado de semilucidez, porque após alguns segundos perdi completamente a lucidez. Experiência que para mim não contou, quero horas de sonho lúcido.

Até que essa noite, no meio de um pesadelo sem pé nem cabeça, eu parei no momento em que estava para ser capturado pelos meus medos e pensei "Isso é um sonho!". Acabei com quem me perseguia num único segundo, depois comecei a pensar com o que gostaria de sonhar. Escolhi passar uma manhã com a infância de minha mãe, viajei no tempo, cheguei na casa dos meus avós e me apresentei como um parente distante, claro que meus avós acreditaram, eu quis que eles acreditassem. Passei uma manhã inteira brincando com minha mãe ainda criança, ela me chamava de tio e tinha plena confiança em mim, pulamos amarelinha, pulamos corda, brincamos com um de seus gatos... Uma manhã maravilhosa, terminamos almoçando juntos, um arroz com feijão divino, e um bife de fígado acebolado, que ela no início não queria comer, mas com muita insistência minha comeu as colheradas que eu levava à sua boca. Nos despedimos afetuosamente com um abraço e um beijo e prometi que voltaríamos a nos ver.

De tarde resolvi visitar meu pai, mas não queria encontrá-lo na sua infância, resolvi encontrá-lo com a mesma idade que eu tenho hoje, 23. Cheguei à sua faculdade, me apresentei como um parente de sua namorada (minha mãe) e o chamei para ir a um boteco ali perto. Fomos e conversamos uma conversa animada, éramos dois jovens com muita vida pela frente, os dois com muitas incertezas, porém com muita coragem. Foi bom ver meu pai dessa forma, um rapaz disposto a aprender a viver a sua vida do jeito que lhe convir, com muito a aprender. Conversamos sobre os nossos futuros e foi ainda melhor conversar com o meu pai sobre o futuro sem que ele o tivesse vencido, foi maravilhoso poder falar de meus planos sem ter a voz da experiência para julgá-los. Terminamos a tarde tomando uma cachacinha de saidera, nos abraçamos e combinamos mais uma tarde daquela.

De noite resolvi visitar minha irmã, mas queria seguir o padrão de ver meus familiares numa época em que eu não os conhecia, e minha irmã eu a conheci durante toda a sua vida, exceto no futuro, então foi para lá que eu fui, cheguei à sua casa e ela me reconheceu como seu irmão, não estranhou que eu estivesse anos mais novo, simplesmente sentou comigo para conversarmos. Ela pegou um livro seu que havia sido publicado, era um livro de fotos artísticas que retratavam o cotidiano das pessoas comuns, eram fotografias lindas, tocantes. Depois fomos jantar, a conversa foi animada e íntima, ela me tratou com o carinho de que os irmãos compartilham com a diferença que agora ela era a mais velha. Não perguntei sobre seu marido (se é que ela tinha), nem sobre seus filhos (idem) e nem sobre seu emprego, a única pergunta ocorreu no final da noite, quando ela estava tomando um café e eu um licor delicioso que ela tinha feito, peguei sua mão esquerda com minhas duas mãos e perguntei:
-Luísa, você é feliz?
Ela abarcou minhas mãos com sua mão direita, sorriu um sorriso sincero e disse:
-Sim, muito.
Nos despedimos e eu saí pela porta dos sonhos e entrei no mundo real.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Natureza imperfeita


A natureza não é perfeita! Aqueles que me conhecem devem achar bizarro o fato de um Biólogo estar dizendo isso, mas é isso mesmo. Para começar, a perfeição é um saco! A idéia de perfeição vai de encontro com o fato da evolução. A palavra evolução na biologia quer dizer mudança, quando falamos em perfeição nos referimos a algo que não precisa ser mudado e os seres vivos estão em constante mudança. A teoria de Darwin possui duas premissas básicas. A primeira é o que Darwin chamou de “descendência com modificação”, significa que os seres vivos nascem com características diferentes de seus pais, hoje sabemos que as mutações são a principal fonte de tais diferenças. A segunda, conceito central de sua teoria, é a seleção natural em que os seres vivos com características que lhe tragam vantagens em um ambiente conseguem sobreviver e passar sua carga genética adiante.

Alguns podem argumentar: “mas os seres vivos apresentam adaptações que os tornam perfeitos para o que eles fazem, veja os grandes predadores”. A perfeição não permite erros e nem sempre um predador captura suas presas, que também possuem adaptações. Alguns animais apresentam adaptações bem interessantes, mas alguns podem descordar e chamá-las de bizarras. Os Cecidomiídeos são mosquitos bem pequenos que podem se desenvolver por dois caminhos, por seqüências normais de mudas de larva a pupa e no final emergir como um mosquito comum, sexualmente reprodutiva. Na outra forma de desenvolvimento as fêmeas podem fazer partenogênese (é quando a fêmea não precisa ser fecundada e tem seus filhotes a partir do desenvolvimento de seu óvulo), o interessante é que elas não chegam ao estágio adulto, se reproduzem no estágio de larva ou pulpa e não botam ovos. As crias se desenvolvem nos tecidos do corpo da mãe, basicamente a descendência devora a mãe de dentro para fora. Esse tipo de adaptação é diferente da que estamos acostumados onde os seres vivos vão passando por uma constante seleção de formas mais bem adaptadas ao meio ambiente até alcançarem a “forma perfeita”. Neste caso a adaptação pode estar relacionada a recursos (Como alimento) que podem ser raros no ambiente, mas muito abundantes quando encontrados. Essa é uma estratégia interessante em que o número de descendentes de uma população é aumentado ao máximo quando um recurso é encontrado, o que resulta na sobrevivência da população.

O exemplo anterior nos traz uma pergunta que derruba lógica de que os animais teriam sido projetados para seus papéis por um criador. Por que Deus criaria um ser vivo que comeria a sua própria mãe? A evolução consegue explicar a existência da vida em sua plenitude sem a interferência de um criador. Não estou dizendo que Deus não existe, como sabiamente diria uma professora minha: ”A ausência de evidência não é evidência de ausência”, a falta de evidências da existência de Deus não prova que ele não exista. O ponto é que a história da vida na terra pode ser muito bem explicada sem a participação de Deus. Um ponto que do argumento criacionista é o da ausência de registros fósseis de hominídios intermediários entre Homo habilis, Homo erectus e Homo sapiens, por exemplo. Explicam que Deus teria criado esses seres separadamente. A teoria Alopátrica revela uma explicação interessante, a especiação (evolução de uma espécie em outra) ocorre em populações pequenas e isoladas onde uma variação genética favorável pode espalhar-se mais rápido e a seleção natural pode ocorrer de forma mais intensa, por ser um local onde a população não está firmemente consolidada. Deste modo a especiação ocorreria rápido, quando pensamos no tempo geológico, e por isso seria muito difícil encontrar esses intermediários no registro fóssil.

A beleza da vida não está na “perfeição” e sim nas diferenças, base da biodiversidade. Os seres vivos são lindos, não no sentido tradicional da palavra. Nossa beleza está na diversidade de formas, adaptações, comportamentos. A vida deve ser adorada e respeitada por sua beleza imperfeita.


Referência
Gould, S.J. Darwin e os grandes enigmas da vida. 2ed. Martins fontes, Brasil, São Paulo. 1992.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Os dedos nossos de cada dia


Nós acordamos de manhã cedo para trabalhar e já existem dedos apontados para nossas cabeças cobrando responsabilidade, empenho, ganância e competitividade... Quem aponta os dedos? Pode ser sua mulher, seus filhos, seus pais.

Você vai para o trabalho com medo dos dedos que cobram justiça social, comida, dinheiro, trabalho, piedade, respeito, carinho, estudo, casa... Quem aponta? São as crianças nos semáforos, são as mães que querem alimentar os bebes em seus colos, são os pais que querem trabalhar.

Chegamos no trabalho e dedos cobram prazos, serviços bem feitos, pontualidade, seriedade, respeito hierárquico... Quem aponta? Seus chefes e colegas de trabalho.

Vamos almoçar e os dedos cobram um prato saudável, sem carne, sem gordura, sem álcool, sem colesterol, sem muito sal, sem sobremesa, sem prazer... Quem aponta? Os médicos, os nutricionistas, os estudos.

No caminho de volta para o trabalho e os dedos agora cobram paciência, calma, passividade, controle... Quem aponta? O congestionamento, os pardais, os motoristas ruins.

Você volta para casa, liga a televisão e os dedos te cobram consciência política, atuação política, atitudes, votos, cobram de novo justiça social, comida, dinheiro, trabalho, piedade, respeito, carinho, estudo, casa, responsabilidade, empenho, ganância e competitividade, alimentação saudável, comida sem carne, sem gordura, sem álcool, sem colesterol, sem muito sal, sem sobremesa, sem prazer, paciência, calma, passividade, controle... Quem aponta? Os políticos, a corrupção, as crianças nos semáforos, são as mães que querem alimentar os bebes em seus colos, são os pais que querem trabalhar, chefes, colegas de trabalho, médicos, os nutricionistas, os estudos, congestionamento, os pardais, os motoristas ruins.

Vamos dormir e a os dedos cobram um dia melhor amanhã, uma pessoa melhor amanhã, uma noite boa de sono, um basta, mas também cobram consciência política, atuação política, atitudes, votos, cobram de novo justiça social, comida, dinheiro, trabalho, piedade, respeito, carinho, estudo, casa, responsabilidade, empenho, ganância e competitividade, alimentação saudável, comida sem carne, sem gordura, sem álcool, sem colesterol, sem muito sal, sem sobremesa, sem prazer, paciência, calma, passividade, controle... Quem aponta? Dessa vez, quem aponta somos nós mesmos, a nossa consciência.

domingo, 10 de agosto de 2008

DOMINGO


Era o fim de tarde de um Domingo, acordo com o barulho dos carros na W3, meu estômago está embrulhado. Não consigo lembrar do fim da noite e nem como cheguei em casa, foda-se. Pelo menos, desta vez, não acordei com uma mulher que nem sei o nome ao meu lado. Meu a.p. fica em uma comercial da W3 norte. Apesar da ressaca a primeira coisa que faço é acender um cigarro. Depois chamo por meu companheiro Bukowski, um gato preto. Logo o bicho aparece porque sabe o que está por vir, coloco a comida do animal e me aproximo da janela para ver o movimento enquanto termino o cigarro. Eu olho para o gato e o pensamento vem “não sei quem é mais vira lata eu o tu, não é chará?”. O gato retribui o olhar, sinto uma certa cumplicidade. Logo o bicho sai pela janela alcançando a rua. Domingo é um dia foda, sempre bate aquela tristeza, solidão, é simplesmente uma merda. A programação da tv não ajuda, é impressionante o tanto de porcaria que se pode ver na tv em um Domingo. Não dá para assistir tv, eu simplesmente me recuso a ficar vendo a porra do Gugu, Faustão e aquela mulherada balançando o rabo, é impressionante o que as pessoas fazem por dinheiro.


Já que não posso fazer nada para mudar a cara triste do Domingo, ao menos posso curtir o momento com estilo. Caminho em direção a minha vitrola e escolho um disco do bom e velho John Lee Hooker. O Blues é uma criação magnífica, dizem por aí que o Chico Buarque entende a alma feminina. Se for assim eu digo que esses nogões compreendem como ninguém a alma de um homem. Apesar de algumas mulheres acreditarem que ela não existe, ela está lá. É claro que alguns tem tormentos maiores que outros a acompanhar o seu espírito e para esses a solidão é o melhor caminho, é onde encontram a paz. O Blues remete a essa solidão e traz uma certa tranqüilidade para esse tipo de homem. De repente passa por minha cabeça uma citação de Robert Johnson "Some people tells you the worried blues ain't so bad, but it's the worst feeling a good man most ever had." Ainda estou na janela e vejo Bukowski se aproximando, ele olha para mim e eu o encaro dizendo “Domingo é foda Bukowski …”

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


É difícil tentar explicar o que pode criar laços tão fortes entre algumas pessoas, houve uma época em que acreditava que a infância foi o que tornou os laços de amizade que tenho com vocês tão forte, mas na mesma época que nossas amizades foram construídas outras crianças estavam no nosso círculo e nem por isso estão ligadas a nós com tal intensidade.

Mas acho que avaliando a personalidade de cada um fica fácil entender porque continuamos tão amigos, depois de tanto tempo. Pretendo ir no casamento de quem casar, ver o nascimento dos filhos de quem se tornar pai, ainda vou estar presente em muitos momentos felizes e outros tristes, quero envelhecer ao lado de vocês.

Como conseguiria não ver meu irmão caçula? Aquele que foi vítima de todas as minhas brincadeiras maldosas e mesmo assim permaneceu ao meu lado, perdoou cada patifaria que fiz com ele, algumas das quais tenho plena ciência do exagero cometido. Pessoas com o coração bom são assim, perdoam os atos mais infames... Mas meu irmão caçula não possui apenas um coração grande, ele possui uma inteligência enorme e, acima de tudo, uma força de vontade gigantesca, ele se tornou o melhor naquilo que se propôs e será o melhor em muitas outras coisas ainda. Certamente, ele vai ser quem vai emprestar dinheiro para os outros quatro...

Como manter distância de uma das pessoas mais engraçadas que conheci? Ele seria extremamente engraçado sem esforço nenhum, mas ele se esforça 18 horas por dia para ser o mais engraçado de todos. E as outras 6 horas? Bem, para quem tiver um olhar mais clínico perceberá que para ele, dormir é dormir, ser engraçado só quando estiver 100% acordado. Algum desatento pode pensar que ele é o bobo da corte, mas ele é muito mais do que isso, ele consegue ser o rei da corte, a rainha, o principe, a princesa, o cavaleiro, o mago, o artesão... Desafio qualquer um a desafiá-lo a ser qualquer coisa, e essa é a diferença entre ele e meu irmão caçula, ele é qualquer coisa que se propõe a ser e qualquer coisa que cada um de nós propor a ele fazer!

Como não sentir falta da paz do grupo? Esse moleque transmite uma paz que nem Gandhi transmitiu, é o nosso caçula (e não meu irmão caçula) e parece possuir a sabedoria do mundo em seus olhos, em seu silêncio. Nosso caçula, como qualquer caçula em qualquer família, é o nosso xodó. Fico mais feliz com as vitórias dele do que com as minhas, como exemplo disso foi a aprovação dele no vestibular, fiquei tão feliz com a conquista do nosso garoto que desconfio não ter estado tão contente com a minha aprovação. Existe uma crença de que quando reencarnamos escolhemos as pessoas que serão nossos amigos, inimigos, irmãos, pais... O objetivo dessa escolha é o crescimento espiritual, por exemplo, escolher um inimigo de uma vida anterior para ser o seu pai na próxima vida acarretaria num amadurecimento do amor, aprender a perdoar e etc. O nosso caçula, só pode ter sido meu pai, ou minha mãe, só isso conseguiria explicar a adoração que tenho por ele.

Por fim, como ficar uma semana sem ver o nosso líder? Agora escrever sobre esse moleque é difícil, qualquer caminho de prosa que eu venha a escolher cairei num sentimentalismo barato. Ele foi o primeiro dos quatro que eu conheci, e desde que nós nos conhecemos não arredei o pé do lado dele. Se preciso de ajuda é para ele que eu ligo, se ele precisar de ajuda, eu também estarei ligando para ele. O moleque possui tantas qualidades que é difícil escolher algumas para colocar num parágrafo. Acho que ele é quem melhor resume esse grupo de amigos, ele possui características que representam cada um de nós, desde o silêncio sábio de nosso caçula até a força de vontade do meu irmão caçula.

Tendo crescido com pessoas especiais como essas, fica óbvio o motivo de continuarmos tão amigos. Um brinde aos meus queridos amigos, desejo o melhor que o mundo tem para oferecer a vocês e por mais que pessoas de fora desse círculo (ou até mesmo um de vocês) achem esse texto piegas, foram palavras escritas com muita sinceridade. AMO VOCÊS!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Não te amo mais

Simplesmente genial...



Não te amo mais.

Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci
E jamais usarei a frase
EU TE AMO
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

(Clarice Lispector)

Agora leia de baixo para cima.
Pura arte, pura genialidade...
E viva a língua portuguesa!!!!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Hoje o sol nasceu meu amor


Decidi postar a letra de uma música de um professor e amigo meu. Acho essa música linda, assim como sua letra e por isso decidi compartilhar. Confesso que gostaria de ter escrito algo assim. Esse amigo escreveu essa letra para a esposa dele. É simplesmente linda...


Hoje o sol nasceu meu amor,
faça as malas
vem comigo agora.
Pois a luz que está lá fora,
abriu as flores do nosso jardim.
As flores da paz.
As flores do perdão.
As flores
do amor

Ah!!!, meu amor
o mar serenou
para cantar pra ti.
Todo amor que couber
em suas profundezas.
Profundezas de corais.
Profundezas de delfins.
Profundezas de vida.
Se achares pouco
o infinito do céu,
me disse,
que está pronto
pra cantar.
Cantar a nossa música.
Música única.
Única música.

Meu amor faça as malas
vem comigo agora
pra Genipabu
Paripuera, Imbassaí
Ubatuba, Ilha do Mel
e descançar na Redinha

Meu destino é ser areia dos teus pés.
Meu destino é ser o sol que te queima.
Meu destino é ser....
o seu amor.

Sérgio Leme, Natal-RN, 2006

terça-feira, 29 de julho de 2008

A PALA DO CUBO BRANCO...

SONHOS COM PODERES? SEXO COM MULHERES MAGNíFICAS? DINHEIRO, FAMA, SUCESSO, DROGAS E TUDO QUE VEM NO PACOTE? KAMA SUTRA E SUAS APLICAÇOES NA GRAVIDADE ZERO? Não, você não atingiu o ápice da experiência onírica a menos que tenha vivenciado a pala do cubo branco. Tudo surgiu de uma conversa com um amigo meu, Rodrigo, comentando que quando as pessoas o aborreciam ele ia para o mundo do cubo branco, onde as pessoas não tinham voz apesar do fato de estarem reclamando na sua frente. Achei aquilo fantástico e o admiro muito ate hoje por seu autocontrole que sinceramente não atingi num nível tão legendário. Depois dessa conversa tive uma experiência cubobrancal. Mas às avessas!!! Estava eu sonhando com não lembro o quê, num dia que não lembro qual, numa cama que também não lembro aonde era(minha vida cigana me levou a conhecer muitas camas é verdade. E eu adoro isso!) ate que fui acometido pela lendária pala do cubo banco. O sonho estava normal, ate que de re pen te me vejo numa espécie de sala branca gritando com toda força dos meus pulmões mas havia um problema, um problema havia: não saía nenhum som da minha boca! As emoções iam se alternado no meu semblante. Alegria, raiva, êxtase, surpresa! Era uma viagem aos confins do mundo das emoções e eu as sentia de uma forma muito pura e extremada. Era como se elas não pudessem coexistir simultaneamente. Um sentimento de cada vez, assim como a lenda das fadas.
Depois disso eu voltava ao meu sonho, como naqueles filmes aonde a câmera parece estar dentro do protagonista e vai saindo de seu corpo até ele ser flagrado num momento de surpresa e fascinação. Era uma mistura de sentimentos dessa vez e o que prevalecia era o ultimo que havia se mostrado no cubo branco. Tanto podia eu ficar num êxtase maravilhoso, como naqueles orgasmos aonde grito tão alto que sinto a liberdade correndo em minhas veias como se eu e ela fossemos uma coisa só, como poderia sentir um desespero enorme como nos 10 segundos antes de morrer brutalmente assassinado após uma luta ferrenha.
O cubo branco apareceu várias vezes, e logo eu compreendi essa idéia da repetição e comecei a esperá-lo, assim como uma criança espera os doces no dia de São Cosme e Damião. Qual seria o próximo sentimento a ser experimentado? Amor? Ódio? Tesão? Felicidade? Nesse momento havia dois sonhos paralelos um ao outro: a historia a ser escrita e o cubo branco. Não preciso nem dizer que a historia ficou em segundo plano não tendo muita importância. O que importava mesmo era sentir. Sentir as emoções que o cubo branco me proporcionava, ou que eu proporcionava ao cubo branco sei lá.
Foi uma noite fantástica e cheia de surpresas.
Acordei meio confuso e tonto. Era bem cedo e o barulho dos pássaros cantando me deixou muito feliz. Saí da cama ainda enrolado no edredom e fui tomar um leite quente sem nenhuma preocupação dos meus afazeres do dia. Aproveitava cada segundo verdadeiramente numa tranqüilidade inabalável.......





VIVA O CUBO BRANCO!

domingo, 27 de julho de 2008

Os Cinco

Essa é a história de cinco camaradas peculiares. Eles se conhecem desde moleque e até hoje ainda caminham juntos por esse mundo também ligeiramente peculiar. Tudo começou na infância em uma Super Quadra Sul em Brasília, mais especificamente 113, bloco B. O que eles faziam? Aquilo que toda criança faz melhor, brincavam. Alguns levavam essa atividade mais a sério do que outros, mas todos se divertiram muito e criaram um laço muito forte.

Para começar, vou respeitar a boa e velha hierarquia da idade. Só que desta vez de trás para frente. Com isso a primeira figura a ser citada é o “Petcho”, na verdade o nome dele é Pedro, mas a tia Débora o chama de “Petcho” e por isso nós acabamos aderindo. Sempre foi a maior figurinha quando era pequeno. Falava menos que eu e era capaz de tudo só para andar com agente, até lamber a sola do seu próprio chinelo. Acho que devido a esse evento ele acabou adquirindo algum platelminto alienígena que viveu por um tempo em seu intestino mas que recentemente migrou para o cérebro, levando-o a fazer vestibular para engenharia. Essa é a única explicação razoável para alguém estudar engenharia. Apesar da simbiose entre ele e seu platelminto, ele continua o cara bacana e calado de sempre.

Agora vamos ao Marimbas, Vulgo Thiago. Para começar eu não sei porque diabos ele tem esse apelido, por isso nem adianta me perguntar. Em nossa infância, nós o perseguíamos arduamente, acredito que isso tenha gerado algum tipo de trauma psicológico que o levou a voltar-se para as máquinas. No começo era vídeo game, depois computadores e hoje ele trabalha com computadores. Devido ao trauma ele desenvolveu uma espécie de dupla personalidade, é como se ele fosse um Bruce Wayne do cão. De dia ele é o modesto trabalhador das máquinas que fica em um escritório cheio de nerds e a noite ele é Marimbas, “El Matador” que galanteia as menininhas das noites de Brasília. Nas horas vagas ele ainda arruma tempo para dançar em uma boate de estriptise que fica lá no Conic. Aos interessados ele encontra-se em uma boate que não consigo lembrar o nome, mas ela fica entre uma Igreja Universal do Reino de Deus e uma loja de artigos de umbanda. Ele está lá todas as quartas feiras na noite da terceira idade, dizem que ele é o terror das tiazinhas.

O Sallum, também conhecido como Kalango, Palmeira e por ultimo Gustavo era uma criança inteligente, cheia de energia e feliz. Quando digo feliz, me refiro à criança mais alegre que já conheci. Quando era criança adorava ouvir seu pai cantarolando a “Balada do Louco”, música dos Mutantes. Acredito que tal fato associado ao gosto musical de seu pai contribuiu muito para o desenvolvimento de uma figura com personalidade excepcionalmente peculiar, alguns apenas definiriam como louco mesmo. Bom, hoje ele é um estatístico formado e nas horas vagas, adora ler. Nunca vi ninguém gostar tanto de um livro. Quando fica muito feliz realiza uma dancinha que me faz lembrar muito a corte de alguns animais e por isso, nesses momentos, sempre mantenho uma distância respeitável. O FBI está atrás dele porque acreditam que ele seja um parente próximo de Osama Bin Laden, isso explicaria seus planos diabólicos de quando era criança para sacanear o Thiago. Os planos eram tão bons que o Thiago sempre caia, por mais estapafúrdios que eles fossem. Seu apetite e participações como dublê do Marcos palmeira em novelas da globo é algo muito bem documentado. Devido aos seus excelentes trabalhos na tv, Hollywood lhe fez uma proposta de trabalho convidando-o para participar da versão americana de Asterix interpretando Obelix. Ele vê a sua frente o emprego perfeito já que vai ter que comer muito para atingir a forma física do herói, além de poder ganhar muito dinheiro para comprar livros. O problema vai ser entrar nos estados unidos com essa cara de árabe e com uma tatuagem nas costas escrito “Money que é good nóis no have” em árabe.

Algumas crianças acreditam que uma cegonha as trouxe para a terra, mas esse não é o caso do Brenno. Ele acreditava ter sido trazido para a terra em um disco voador, até hoje eu tenho minhas dúvidas se ele não veio mesmo de outro planeta ou ao menos foi abduzido. Quando criança ele jogava muito videogame e quase não saia de casa, até que conheceu quatro mal elementos, associando isso ao fato de ele estar no planeta errado ele simplesmente despirocou e virou o Brenno que conhecemos. Ele teve algumas fazes da vida que valem a pena relatar, em uma delas ele era um punk louco e alucinado com um moicano vermelho e adorava bater em qualquer um que cruzasse seu caminho. Inclusive, uma vez ele deu um mata leão em uma senhora que estava no elevador com ele, só porque achou que era ela que tinha soltado um pum. Depois desse evento ele viu que tinha exagerado e decidiu deixar de ser punk e fazer psicologia para ver se os grandes estudiosos do cérebro humano poderiam ajudá-lo. Não estava nem no meio do caminho e ele viu que o auto conhecimento nos padrões desse planeta para ele era impossível, por isso resolveu entregar-se às Artes Cênicas e curtir a vida, hoje é possível vê-lo atuando na malhação e andando pelas ruas de Brasília de cachecol verde, paletó social e camisa vermelha. A NASA descobriu recentemente que pode haver vida em um planeta da galáxia de Andrômeda e desconfia da existência de extraterrestres infiltrados em nosso planeta, um dos focos da investigação é o departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília. Especialistas acreditam que ali seja o núcleo de uma das colônias alienígenas.

O ultimo chama João Paulo, mas o Breno prefere chamá-lo de “Juanitas”. Quando criança era bem comum vê-lo de quatro em algum gramado da 113 sul procurando por minhocas ou colocando formigas para brigar. Ele era uma criança profissional, era o melhor naquilo que fazia que era brincar. Ele era tão dedicado que essa atividade consumia todo o seu tempo e nem dava tempo de estudar. Seu problema era que falava muito palavrão e não era visto como uma boa companhia para as outras crianças, o tempo passou, todos apreenderam a falar palavrões e aí sim eles puderam ser amigos. Ao chegar na adolescência decidiu fazer aulas de violão, mas como tocava mal e não fazia muito sucesso com as menininhas decidiu ir tocar bateria mesmo. Isso não melhorou muito a sua vida com as mulheres, mas pelo menos ele não passou mais vergonha nas rodinhas de violão. Por gostar muito de animais acabou estudando biologia e hoje uma de suas alegrias é fazer trilhas com os amigos e festeja quando encontra uma bosta no caminho que ele educadamente chama de vestígio, isso quando ele não resolve pegar a bosta, levar para casa e guardar no congelador da mãe com o objetivo de verificar o que faz parte da dieta do animal . Outra de suas diversões é tomar uma cerveja gelada com seus amigos e primos, por mais que alguns deles sejam difíceis de acompanhar, e com freqüência ele dorme sentado no meio de uma conversa que acaba tornando-se um monólogo. Seu amigo Brenno disse desconfiar da existência de uma certa tendência homossexual em “Juanitas”, já que ele afirmou que daria para algumas personalidades como John Bonham, Eric Clapton, Mike Patton e Fred Mercury.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Procura-se


Texto antigo, mas gosto tanto que vou postar:
Procura-se solteira que esteja disposta a ter um relacionamento sério, de preferência não muito agitada, que goste de ficar ao ar livre, que aceite bem as mudanças de tempo, que goste de sol, que goste de chuva, que goste de água. Ela deve estar disposta a receber indesejadas sujeiras de palomas em sua cabeça, a ser vista em público, não deve gostar de música, a não ser o canto dos pássaros e o barulho de água, não deve gostar de dançar, caminhar, correr, viajar, sair. Deve estar disposta a aturar um cara com o coração de pedra, frio, famoso. Não pode estar ligada a bens materiais, não pode trabalhar, não pode falar. Deve ser de pedra. Se você se encaixa nesses padrões, venha falar comigo, estarei todos os dias no meio do chafariz central da praça "Sol Dourado", não será difícil me reconhecer, sou a estátua de mármore preto segurando uma espada, dentre todas do chafariz, sou a única estátua sem um par.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Voltando de Férias


Semana passada eu postei falando das férias e uma amiga fez um comentário sugerindo escrever sobre a volta das férias (o suplício envolvido na volta, para ser mais específico), então aqui estou escrevendo sobre o assunto.

Pensando nesse suplício eu fiz uma analogia com um fim-de-semana. O fim-de-semana, pelo menos para mim, é dividido em três partes importantes e essas partes podem ou não ter subdivisões.

A primeira parte de um fim-de-semana é a sexta-feira à noite, apesar de estarmos liberados para as festanças só depois das 18 horas (para maioria das pessoas, pelo menos), sexta-feira de tarde os planejamentos já estão sendo preparados, ligamos para nossos amigos e começamos a combinar para onde vamos no fim do expediente e de lá para onde pretendemos ir. Às 18h01 realmente começa o fim-de-semana, saímos com aquela alegria incontida, "a noite é uma criança e eu sou seu brinquedo, não sou eu que durmo tarde, é o sol que nasce cedo". Essa, para muitos, é a melhor parte dos dois dias de folga, temos todo o álcool do mundo para beber e o fim-de-semana inteiro pela frente para nos recuperarmos!

Agora tem a segunda parte, que é o sábado. O Sábado divide-se em três partes, a manhã, a tarde e a noite. A manhã é feita para dormir, você descansa o corpo e a mente da semana inteira e descansa o fígado do dia anterior. Sábado de manhã pode ser considerado por uns poucos como a melhor parte, "você tem a manhã inteira para dormir!". À tarde de sábado é algo tão libertador que não existe um padrão, faz-se de tudo num sábado à tarde, desde continuar morgando, passando por trilhas no mato ou volta ao bar, até trabalhar ou estudar (para uns poucos lunáticos). Sábado à noite é praticamente como a de sexta, porém você está mais acostumado com a folga e não tem mais dois dias pela frente, você terá um provável domingo sofrido.

Para falar da terceira parte do fim-de-semana eu preciso fazer ainda um outro comentário sobre o livro do Luís Fernando Veríssimo, numa crônica ele comenta sobre como hoje em dia as pessoas não sentem mais ressaca e eu concordo plenamente com ele nesse aspecto. MAS EU SINTO MUITA RESSACA! SIM, CERVEJA ME DÁ RESSACA! Por isso domingo de manhã geralmente é a parte da ressaca para mim, mas como eu sou raridade na arte de ressaquiar vou considerar como padrão os raros domingos de manhã sem ressaca. Domingo de manhã tem um brilho diferente, o sol brilha intensamente lá fora, não tem nenhuma nuvem no céu, os pássaros cantam, você ouve criancinhas brincando e rindo do lado de fora, mas existe uma sombra que se aproxima, e essa sombra é conhecida (e temida) por todos como SEGUNDA. Mas ainda é de manhã, ainda tem o almoço de domingo, ainda tem a tarde de domingo... O almoço de domingo também é algo muito amplo, quase tão amplo quanto a tarde de sábado, existem os almoços em família, churrascos com amigos, mexido da semana inteira, restaurante... Já o domingo à tarde é o limbo, a sombra está na sua frente e gargalha sobre o seu destino, como que dizendo "Em breve nos veremos". Você não tem mais nada a se segurar, você está a mercê do impiedoso tempo que não pára nunca e tudo que você tem pela frente é o tenebroso Fantástico! Vai escurecendo, seu peito aperta, a garganta arranha, sua voz fica embargada, seus olhos mais úmidos, todo o esforço de domingo de tardezinha é conter o desespero dentro de nossos corpos! Acho que esse sentimento de domingo tem uma origem mística, segundo a Bíblia, Deus criou o universo em seis dias e descansou no sétimo. Mas nós contrariamos essa ordem, Domingo é o primeiro dia da semana, e nesse dia estão sendo criados os céus e a terra, a luz e as trevas. Um dia desses não pode ser bom!

Agora as férias funcionam da mesma forma, sexta à tarde é como os dias antes das férias, você está tão animado com o chegar da folga que já vai planejando tudo, para onde vai viajar, quanto tempo vai ficar em cada lugar, quanto tem para gastar... Quando finalmente chega as férias existe um pequeno período que equivale a sexta à noite, você sai e toma todas, vai para todos lugares, dorme pouco, come mal, e como seu equivalente no fim-de-semana, esses dias também são a parte favorita da maioria das pessoas.

A segunda parte das férias é a parte da preguiça, aqui você descansa tudo que não descansou no ano que passou e descansa dos dias de loucura das férias, aqui descansamos nosso fígado também (como sábado de manhã). E depois dessa fase de descanso vem a parte libertadora das férias, que, como sábado à tarde, faz-se de tudo, inclusive tem as pessoas que resolvem trabalhar para ganhar uma grana extra ou estudar (são os mesmos alucinados que trabalham ou estudam no sábado).

Agora a última semana das férias é o domingo. Temos sete dias de folga, mas depois voltamos a trabalhar. Os primeiros três dias dessa semana são equivalentes à manhã de domingo, tudo está lindo, mas seu estômago está começando a sentir um calafrio. No quarto, quinto e sexto dias o desespero está batendo forte, seu estômago embrulha com uma certa freqüência, estamos tão à flor da pele “que qualquer beijo de novela (me.)[nos] faz chorar”. Agora o último dia das férias é o Fantástico, você não sabe se a morte é algo tão terrível assim, o descanso eterno parece uma idéia não só muito atraente, como algo muito sensato. Você fica vendo aquelas matérias sem graça e pensando, “como será que o Zeca Camargo cairia do WTC em chamas?”. A tristeza é tão esmagadora e a carregamos desde os primórdios de nossa vida, quando arrumamos o material escolar para volta às aulas, e o pior é que existiam as crianças que falavam que sentiam falta da escola, essas crianças cresceram e se tornaram as pessoas que não só trabalham no sábado à tarde e num período das férias como também chegam para você e falam “Um mês é muito tempo, fico cansado de ficar à toa”.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Comida



Há uns dias atrás comecei a ler um livro de Luís Fernando Veríssimo, primeiro porque a uns quatro anos atrás alguém comentou que minhas crônicas lembravam as dele e eu havia lido muito pouco do autor, geralmente crônicas que chegavam por e-mail, foi a minha chance de avaliar a escrita dele. Segundo porque o livro é composto crônicas sobre comidas, "A mesa voadora", que é um assunto que muito me interessa, afinal de contas, meus quilinhos a mais foram alcançados com pouco esforço e muito prazer gastronômico.

Bem, quanto a comparação da minha escrita com a dele, não é justa, a dele é muito superior (não que seja algo extraordinário, a minha é que não alcança um nível muito bom). Mas sobre as crônicas, apesar de serem bem escritas e bem-humoradas, não gostei muito por não concordar com o conteúdo, salvo algumas exceções como "O Buffet", "Voracidade", "Ovo". Vou começar criticando a terceira crônica ,"União, gente", que me deixou tão enfezado ao ponto de querer bater no escritor! Por que tanta agressividade? Oras, como uma pessoa que pretende escrever um livro inteiro sobre comida resolve fazer um manifesto anti-salsinha? E quando ele diz salsinha ele quer dizer tudo que é colocado no prato para "enfeite ou para confundir o paladar, o que incluiria até aqueles galhos de coisa nenhuma espetados no sorvete, o cravo no doce de coco, etc". Esse tipo de comentário desmente todo o livro, já que uma pessoa que diz uma coisa dessas não entende nada de comida, não deveria abrir a boca nem para comer e muito menos para falar asneiras como essa. Desculpe-me Fernando, mas aí você cagou (não escorregou) na maionese e serviu no churrasco! Eu, que não sei cozinhar nada, quando me aventuro na cozinha para fazer ou uma carne moída ou um molho para o macarrão coloco todas as "salsinhas" possíveis e o resultado, por incrível que pareça e modéstia a parte, fica esplêndido, o que não seria possível sem as "salsinhas". A cozinha, pelo menos a brasileira, não seria a mesma sem esses temperos. Não sei, mas a impressão que tenho é que os gaúchos não entendem nada de comida e imagino que eles em geral não gostam da tal "salsinha", basta olhar o churrasco de que tanto se orgulham, consideram o melhor churrasco do mundo, mas tudo o que vai à carne é sal grosso! Onde está a arte de que tanto falam?

E isso me leva a real crítica ao livro, ele praticamente não menciona a comida brasileira, ele só fala da comida européia, principalmente a francesa. Sério, ele não comeu nada aqui no Brasil que valesse a pena entrar no livro? Ele fala de caldos, mas não menciona o caldo-verde e muito menos a nossa maravilhosa VACA-ATOLADA! Ele chegou ao cúmulo de falar que a melhor carne que comeu foi nos Estados Unidos da América e estamos falando de um gaúcho, nem mesmo o orgulho de seu churrasco conseguiu mantê-lo fiel aos sabores de sua nação!

Não sei o que o autor tinha na cabeça para escrever tanta baboseira sobre comida, ele chega a comentar aquela porcaria de cachorro-quente de rua dos Estados Unidos quando dissertava sobre a comida de Nova York. Bem, para quem já comeu um cachorro quente em qualquer lugar do Brasil, seja no nordeste com sua carne moída ou seja em São Paulo com seu purê de batatas, sabe que aquele pão seco com aquela salsicha nojenta não merece uma gota de nossa saliva!

O Veríssimo filho fala de comida da Europa inteira, comida francesa então ele se fartou a falar, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, chegou a mencionar o Fondue de Gramados, numa crônica falou um pouquinho sobre uns restaurantes cariocas, muito pouco, quase nada e teve uma crônica de um restaurante francês aqui no Brasil, mas caçoando do sotaque nordestino do maitre. E sabe o que é irônico no livro inteiro? Ele começou uma guerra com os maitres por conta da petulância destes, num livro que tem a mesma quantidade de palavras em francês e em português, não se sabe se ele fala tanto do exterior por falta de conhecimento da nossa comida ou se é para mostrar em quantos restaurantes europeus e americanos ele comeu.

A França tem queijos e vinhos maravilhosos? Fique com eles, eu prefiro o meu queijo minas (curado ou não) ou meu queijo coalho com uma pinguinha! Pães franceses ou italianos? Pão-de-queijo! Fois Gras? Pato no Tucupí! Ostras? Sarapatel! Paella? Feijoada! Salmão? Moqueca (Baiana ou Capichaba)! Carne da Califórnia? Carne de Sol de Natal! Massas italianas? Nhoque (escrito dessa forma) de mandioca! Sorvete italiano? Pavê de cupuaçú, açaí na tigela! Chocolates suiços? Bombom de cupuaçú! Amêndoas? Castanha-do-pará ou castanha de cajú! Suco de laranja americano? Suco de cajú! Champignon? SALSINHA!!!!

Nenhum

terça-feira, 8 de julho de 2008

Um dia Como Outro Qualquer


Era só mais um dia como outro qualquer, estava cansado da rotina, de tudo o que tinha que fazer. Decidiu deixar seus afazeres de lado e saiu andando, precisava pensar. Aonde ia? Isso não interessava, na verdade ele não fazia a menor idéia. Simplesmente saiu andando sem rumo para pensar um pouco em sua vida, sua profissão, seus desejos que ele simplesmente não consegue realizar. No pensamento ele leva uma trilha sonora que lhe traz um pouco de paz em quanto o caos se instala em seu coração, a música é “That’s The Way” do Led Zeppelin. A música é sua religião, ela dá forças a seu espírito cansado. As pessoas podem lhe magoar, feri-lo, atrapalhá-lo em seu caminho, mas a música ninguém pode tirar dele, é parte de sua alma, se é que existe tal coisa.


Ele então, começa a refletir sobre o amor que sente por aqueles olhos castanhos e logo vem uma velha música dos Rolling Stones na cabeça, não a original mas uma versão de “Wild horses” cantada pelo Dave Matthews. Qual seria o verdadeiro significado da palavra amor? Essa é uma pergunta complicada. Seria a vontade de estar sempre ao lado alguém? Sentir uma profunda admiração por alguém? Abrir mão do orgulho para não ferir a quem se gosta? Bom, com um certo grau de parcimônia esses pensamentos fazem um pouco de sentido. E o que separa uma pessoa apaixonada de um otário? Acredito que esta seja uma linha tênue, mas o problema é perceber de que lado estamos. Explicar o que sinto é complicado e muito subjetivo, mas avaliar a forma certa de agir, isso sim pode ser feito.


Voltei então a pensar em minha pergunta original, talvez amar significa ficar firme quando nem um outro ficaria. Mas só isso? Na verdade isso é coisa pra caralho. Significa não ser um escroto quando poderia, responder a uma grosseria com serenidade, ser gentil em momentos difíceis, não ceder ao animal que existe dentro de todos nós que quer sair e agir por impulso. Em momentos difíceis, às vezes passa por minha cabeça um nome: Cananéia, Um sinônimo para mato na verdade, e a vontade de fugir... e naquele fim de tarde me vem à mente “Preciso Me Encontrar” do Cartola. Apesar de tudo o sentimento que sinto é verdadeiro e intenso por isso permaneço fiel a ele, firme. É fim de tarde, o vento bate em meu cabelo e a trilha sonora é “The Wind Cries Mary” do bom e velho Jimi Hendrix. Eu paro, sento em um banco de praça e começo a observar o por do sol, os carros passando, uma galera jogando bola e o que vejo é a beleza das coisas simples. Já é noite, a caminhada, a trilha sonora e as reflexões me deixam mais tranqüilo. É hora de voltar para casa e a trilha sonora é “Whiskey In The Jar” do Metallica, eu olho para frente, levanto o meu nariz para poder sentir o cheiro daquilo que me cerca e surge um sorriso no canto da minha boca.

Férias


Depois de 11 meses de trabalho você começa a ficar rabugento, brigão, menos produtivo, os dias são mais longos e os fins-de-semana mais curtos, está na hora de tirar férias.

Acontece que estou meio desacostumado a tirar férias, o que pode parecer estranho para quem sabe que eu me formei a apenas um ano, e olha que as férias da UnB são bem compridas, dois meses quando não tem greve. Mas o que aconteceu comigo é que eu comecei a estagiar cedo, e ser mão-de-obra barata tem muitos pontos negativos, um deles é não poder tirar férias. Claro que é tranquilo trabalhar só meio período nas férias, mas todos hão de convir que férias tem que ser férias e acordar cedo para trabalhar durante suas elas não é muito agradável, além de impedir que se viaje.

Pois bem, estou finalmente de férias e eu percebi que estou com um vício, o vício da desculpa das férias. Claro que temos o direito de nos tornarmos mais prequiçosos, podemos comer e beber mais, dormir até mais tarde... Mas eu percebi que as coisas começaram a se tornar exageradas. Por exemplo, beber uma breja gelada na hora do almoço, de tarde ou à noite numa segunda-feira, qualé, estou de férias. Mas acordar às 9h30, na casa da sua vó, dar bom-dia para os familiares, abrir a geladeira, pegar a cerva que sobrou de domingo para desjejum, olhar para o olhar torto de sua mãe e dizer "Qualé, mãe, estou de férias!" qualifica o vício da desculpa das férias.

Agora o problema é quando o vício da desculpa passa para seus familiares contra você. Isso ocorre quando você está de férias e seus familiares começam a te cobrar um monte de tarefas porque você está à toa e eles não. Por exemplo, voltemos para aquela segunda-feira, você está abrindo a geladeira para pegar aquela cerveja e sua mãe interrompe o processo e diz "Meu filho, você pode ir na Imobiliária pagar o condomínio do apartamento?", você, com sono e mau-humor responde "Ah não mãe, pede para o Antônio!" (antes mesmo de terminar o nome do irmão você pensa "Puta que pariu, lá vem...") e sua mãe responde "Meu filho, o Antônio tem aula hoje o dia inteiro, você não tem nada para fazer, faça esse favor para mamãe...". Você tem que ir, não adianta argumentar.

O que não se pode esquecer é que estar de férias implica não fazer nada, e nas férias fazer nada é fazer alguma coisa, é a principal atividade das férias e toma muito tempo. É por isso mesmo que a língua inglesa muito bem escolheu a palavra "vacation" que é originária do português "vaca" que é ficar no pasto aparentando fazer nada, mas que de fato algo muito importante se está fazendo, que é ruminar, também conhecido como ócio produtivo.

Beijos loucos,

Quem.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Só para começar

Saudações Normais,
é estranho estar escrevendo para ninguém e para o mundo inteiro ao mesmo tempo, mas a internet é assim mesmo, muito louca!
Nesta página estarão escrevendo inicialmente dois loucos, o primeiro é um pronome indefinido que costuma aparecer como alguém ou algum, mas também costuma aparecer como nenhum, tudo, ninguém ou quem. Está no presente mas funcionou no pretérito imperfeito também, no perfeito não, o passado dele é cheio de erros. O futuro, bem, veremos.
O outro louco é um perdido aí! Não sabe de onde vem e nem onde vai dar, na verdade o que ele queria mesmo era ser um rock star. Talvez não, talvez ele só queira viver infurnado no mato correndo atrás de bicho. É possível que o que ele realmente deseja seja viver como um caiçara ou talvez ele seja só um perdido mesmo.
Eles esperam que vocês gostem e comentem.
Abraços,
Administração.