sábado, 23 de janeiro de 2010

Os Beatles, o Homo sapiens e o tempo


19 de Janeiro de 2010. Dirigia para a casa de um velho amigo quando no rádio começou a tocar Yellow Submarine dos Beatles. Eu penso na psicodelia do álbum de mesmo nome que me lembra a infância. Isso é genial! O disco tem uma complexidade musical e criativa bem interessante. O filme que foi feito do álbum mostra como vejo a criatividade de uma criança, aquelas cores, formas, padrões de movimento, quase posso vê-los dançando diante dos meus olhos. Eu sorrio, olho para o trânsito, um belo fim de tarde a minha frente. Um pensamento surge. Crianças são psicodélicas, assim como os Beatles. Basta observar suas histórias criativas, cheias de cores e imagens mentais que vão além do mundo que conhecemos. Será que temos que passar por várias situações na vida, falta de grana, relacionamentos, desemprego, muitos livros, conhecer lugares, pessoas; tudo isso para alcançar novamente a genialidade criativa de uma criança? Vendo por essa perspectiva será que a ordem é algo tão importante assim?

Começo a pensar no tempo. Por que deve existir uma ordem? Por que essa necessidade de organizar coisas? Será que isso já não está enraizado demais ao ponto de não podermos perceber que o tempo é uma criação nossa? Sei que ordenar eventos ajuda a compreender acontecimentos, prever cenários, mas e quando não sobrar mais ninguém para contar o tempo o que vai acontecer? O universo segue em frente com suas mudanças. A terra tem aproximadamente 4,56 bilhões de anos e o Homo sapiens está nesse mundo fazendo essas contas a aproximadamente 195 mil anos. O tempo existe há apenas 195 mil anos! Quando deixarmos de existir ele deixará de existir. Toda a ordem que conhecemos deixará de existir com agente. Qual seria a nossa importância então? Somos muito interessantes biologicamente e culturalmente, somos valiosos por que somos seres vivos e bem complexos. Temos importância na história da terra, afetamos todo o planeta. Mas individualmente e fisicamente somos insignificantes. Nossos problemas são insignificantes, o mundo, as galáxias o universo, tudo é tão maior.. Só estamos de passagem, mas muitas vezes ficamos presos no emaranhado de nossas vidas e não conseguimos ver além da nossa existência, nem mesmo dentro de nosso planeta, nem mesmo dentro de nossa própria espécie e em alguns casos nem mesmo dentro de nossas próprias famílias. É curioso como um mesmo indivíduo é capaz de ter uma visão tão ampla da realidade e às vezes tão estreita. Talvez esse seja apenas mais um aspecto de nossa peculiaridade. Que venham as mudanças e que o passado, o presente e o futuro deixem de existir.