sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Franciscanos


Dizem por aí que somos os novos franciscanos. Seria fascinante, mas não acho que seja o caso. Não o meu pelo menos. Não sinto a nobreza do espírito franciscano em mim, vejo a terra apodrecer pela luxuria de muitos, uma fúria me consome. Se Deus existe ele definitivamente tem senso de humor. Nossa espécie no auge de sua razão e consciência é uma das maiores catástrofes da terra. É preciso fazer algo e muitos que fazem se perdem na arrogância intelectuóide e status da academia.

Conheço muita gente que só quer tocar sua vida de uma forma convencional. Arrumar um emprego estável, ganhar uma boa grana, ter filhos. Respeito isso. O que não entendo é porque é tão difícil para tanta gente aceitar o que faço. Não quero ser funcionário público. Não preciso ganhar 10 mil reais por mês. E não pretendo constituir família tão cedo. Ainda há muito que fazer. Ralo pra cacete como muita gente, depois de um dia cansativo só quero chegar em casa e relaxar. Deparo-me com o presidente do meu país desrespeitando minha profissão em rede nacional. Há muita coisa errada, falta educação até para nossos governantes. As pessoas nem se dão conta do quão fodidas estão.

Por sorte encontramos pessoas interessantes no caminho, que tem fé. É reconfortante ver que ainda há românticos em minha profissão, esses são aqueles que nos dão força para tocar em frente. Para minha infelicidade não sou como esses gigantes filhos de Gaia que levantam-se mais fortes ao cair. Ao ver tantos erros às vezes me parece mais adequado sentar tranquilamente em um beco escuro numa noite fria e molhada de novembro enquanto nosso tempo acaba. Afinal o que um unico individuo poderia ter feito contra os senhores da soja, das grandes empreiteiras, governantes estúpidos. Uma cerveja, a idéia de como as coisas poderiam ser é o que me resta. Um dia não mais existiremos, pelo visto levaremos metade do planeta com agente. Esse será nosso legado...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Homenagem a Sivirinin


Puta gato chato, ranzinza, reclamão... Não gostava de colo nem de carinho, ele queria que a humanidade lhe deixasse em paz! Além do gênio difícil ele tinha a saúde frágil, vivia doente! Tinha um problema de pele que de tempos em tempos danava a coçar chegando a ficar na carne viva (deviam ser os nervos). Tinha os rins fracos e, no fim, a medula parou de trabalhar. Gato complicado aquele!

O diabo do gato batalhou desde o nascimento, tendo de lutar para sair do ventre de sua mãe. Nasceu cheio de problemas de saúde, foi para o veterinário numa caixinha de sapato. Logo depois seu pai morreu, sobrando ele e sua mãe.

Mas deu sorte (talvez ele não concordasse, mas garanto que sim), sua dona o amava e fazia de tudo para que ele se sentisse confortável e feliz! Batalhou até o último momento pela sua saúde. Mas a história de Sivirinin não deve ser lembrada por essas coisas, a história dele deve ser lembrada por ser uma história de amor!

Apesar do gato nutrir um desprezo enorme pelos humanos (há não ser pela sua dona, que ele tolerava e em raros momentos chegava até a pedir carinho) ele amava desesperadamente sua mãe, a gata Miella. Miella é o oposto do filho, carinhosa com qualquer pessoa que se aproxime, saudável e forte como um touro! Miella sobe em lugares que muitos gatos nem pensam em tentar, adora um carinho na barriga e ronrona forte como um trator.

Sivi amava Miella. E provou esse amor em inúmeras situações. Se você pegasse a Miella para dar banho ou qualquer coisa que desagradasse a gata, assim que ela miava ele aparecia aos seus pés e miava bravo, querendo que parassem de atormentá-la. Se fosse o contrário, Miella se escondia para evitar passar pelo mesmo que seu filho.

Mas não é só isso. O gato só ronronava para ela, todos os dias de manhã ele ia mamar (sim, com 10 anos o gato ainda mamava) e ronronava!

Algumas vezes os dois se desentenderam. E em algumas situações brigaram feio e sempre quem saia machucado era o Sivirinin, já tivemos de sair correndo com ele para o veterinário por conta de um machucado feio que a Miella causou a ele. Mais de uma vez, voltando do trabalho, encontramos o apartamento todo ensanguentado, parecendo um filme de terror, por causa dos machucados que o pobre gato sofria durante essas brigas. Mas o surpreendente dessas brigas é que, mesmo sempre levando a pior, Sivirinin é quem procurava sua mãe para dormir com ela, ficar com ela, enfim, fazer as pazes e Miella nem queria saber (Miella é uma gata rancorosa).

Sivi aguentou bravamente seus problemas de saúde por 10 anos, ele só parou de lutar quando finalmente apareceu outro gato para fazer companhia à sua mãe, o J Aparecido. J apareceu do nada, ainda muito pequeno, achado na rua.

J ADORAVA Sivi. Já a recíproca não era bem veradeira, Sivirinin suportava J, chegava até a brincar com o caçulinha da família e esperou mais um ano para ter certeza que aquele gato vira-lata iria cuidar bem de sua mãe. Quando J completou um ano, já estava mais calmo e nutri um respeito enorme por Miella.

Dessa forma Sivi decide partir, parar de lutar. Sivi quis finalmente descansar...