quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sonho Louco..


O texto é meio antigo, mas na falta de inspiração aí vai ele..


O lugar era lindo, eu acabara de entrar e me vi cercado por livros impecáveis em sua forma e conteúdo, eu buscava algo mas não sabia ao certo o que era. Um simpático senhor meio grisalho se aproxima com um ar de “em que posso ajudá-lo?”, eu digo que preciso de um livro e ele começa a procurar sem que eu lhe dê nem uma orientação. Na verdade nem eu sabia o que queria, mas o senhor me aparece com uma pilha de livros e me oferece uma bala, com uma embalagem extremamente atraente e sofisticada, eu não resisto e acabo aceitando. Os livros estão todos em cima da mesa e o simpático atendente parece disposto a me deixar sair livremente com os livros, isso me atormenta pois como pode alguém confiar tanto assim em uma pessoa que nunca viu? Sendo assim eu pergunto:

- Você vai me deixar mesmo sair daqui com os livros?

Ele me olha com um olhar sereno e responde:

- Está vendo esta bala que você acabou de comer? É um veneno e você precisa voltar aqui na terça-feira para tomar o antídoto.

Fiquei assustado com a tranqüilidade e com a perfeição da lógica do velho. Os livros eram muito valiosos e eu não poderia me esquecer de devolvê-los e aquele templo de sabedoria não poderia tolerar um ladrão. A lógica era assustadora, porém justa. Eu não havia entrado no templo para sair de lá com um livro. Eu buscava uma espécie de eremita que me desse uma pista do caminho que deveria descobrir por mim mesmo com a ajuda de um livro, eu expliquei isso ao velho e ele me chamou para jogar uma partida de xadrez e tomar um chá.

Fomos até a parte subterrânea do templo onde encontramos um tabuleiro de xadrez, duas xícaras de porcelana, um bule e duas cadeiras nos esperando. Quando o jogo começou tudo o que estava ao meu redor transformou-se em um grande vazio e só havia eu, o simpático senhor que agora havia se transformado em um rei austero, cruel e altivo, também surgiu um imenso tabuleiro de xadrez cujas peças eram formadas por pessoas que haviam encarnado os seus personagens e estavam prontas para uma batalha que seria travada entre o grande e imponente rei e eu, que mal conseguia entender a situação. A batalha começou, ao primeiro sinal do rei quase todas as suas peças se moveram. Fiquei pasmo, eu achava que estava perdendo a noção da realidade, neste momento eu tive certeza. Até as regras do xadrez já não me serviam mais. A coisa ainda piorou quando fiz o meu primeiro movimento e percebi que as regras do bom e velho xadrez ainda valiam para mim mas eram diferentes para ele. Foi quando decidi questioná-lo a respeito do que estava acontecendo com as regras, não sei até que ponto eu falava das regras do xadrez e até que ponto me referia às regras da realidade que conhecia, e do alto de seu trono com um tom sério e implacável ele me encarou disse:

- O jogo acabou e você perdeu.

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