segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Espírito Esportivo

Nessa semana o Brasil comemorou uma vitória internacional, o Rio de Janeiro vai ser sede das Olimpíadas no ano de 2016. Eu, nadando contra a maré, não comemoro. Não é por falta de patriotismo, quero sim que o Brasil tenha esse papel um dia, mas acho que ainda não é a hora.

Não vou nem comentar o possível desvio de verba que vai existir nessas obras, que se for na mesma proporção do Pan (gastamos 14 vezes mais que a expectativa) será 14 vezes 25,9 BILHÕES de reais. Façam a conta!

O que me faz pensar que agora não é a hora é a situação do povo brasileiro. Todos sabemos que o Brasil é um país rico, e que esse dinheiro existe (até mesmo multiplicando por 14), mas o esporte no Brasil é fraco e pouco incentivado. Não que os brasileiros não sejam bons no esporte, porque nós somos, e muito. A prova disso é o vôlei ou o futebol, esportes com incentivo econômico e que somos imbatíveis, mas no resto dos esportes só temos campeões por pura teimosia do povo tupiniquim.

Imaginem o que esses R$ 25,9 bilhões fariam investidos nos esportes. Não desejo as medalhas, e sim o crescimento socioeconômico que isso traria. Diariamente podemos ver o que projetos esportivos em localizações carentes podem fazer pelas crianças, agora imaginem o que faria com a população se essas crianças pudessem seguir uma carreira estável e lucrativa no esporte que gostam. O esporte é uma forma de diminuir as diferenças econômicas. Imaginem se o César Cielo pudesse treinar aqui no Brasil e não no exterior. E se adolescentes carentes pudessem levar a frente uma carreira de judoca, capoeirista, nadador...

E tem mais, temo pela imagem do povo brasileiro. No Pan tivemos a prova de que não temos a maturidade e a educação para assistir a esportes. Pudemos ver que o povo brasileiro não sabe se portar diante de competições que não sejam o futebol, talvez nem mesmo no futebol. Vaiar os competidores que ganham de brasileiros é uma vergonha. É uma vergonha que não quero mais sentir! E mais uma vez, se o esporte for incentivado de forma eficiente, o processo de educação é natural. A partir do momento que competições se tornam populares, se portar de forma adequada se aprende naturalmente.

Entendo que as obras farão muito bem para a cidade do Rio de Janeiro, vejo a quantidade de empregos que vão surgir durante as obras e é óbvio que incentiva o turismo. Mas tudo isso poderia ser feito sem as Olimpíadas. E parte do problema é esse, só vamos arrumar o que é nosso para gringo poder ver, porque arrumar para nós faz pouco sentido.

Aí sim, depois de termos uma base esportiva forte poderíamos sediar as Olimpíadas, e incentivar ainda mais o esporte e a competitividade civilizada. Mas no Brasil, o “país da contradição”, nada disso importa, tudo é feito às avessas. Mas vamos torcer juntos para que eu esteja redondamente enganado!

Um comentário:

João Paulo disse...

Lembro desse texto!
muito bom meu velho..