quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um Vinho, Idéias e Canções


Uma garrafa de vinho na mão, o calor, as ruas escuras e molhadas, o som dos tambores. A cidade é interessante, é bom fazer parte dela mesmo que temporariamente. As pessoas, suas histórias, cultura... poderia ficar horas ouvindo. Eu tenho saudades daqui. Essa ilha me deixa dividido. Também sinto saudade do meu interior seco e de suas ruas calmas e largas, meus amigos, minha música.. Estou condenado a sentir saudade para sempre. Talvez seja só o vinho falando. É muito bom não ter ninguém dependendo de você, ninguém te esperando, ser mais um cara sem pódio de chegada ou beijo de namorada, não ter que voltar. Minha solidão é diferente da dos Buendia, é libertadora. Já vi muitos lugares, conheci histórias, e às vezes é tão bom fazer coisas simples como ir ao mercado em uma quarta feira à tarde. Sou feliz aqui. Quantas estradas deve um homem andar antes de ser considerado homem? Tenho tantos sentimentos, será que tem algum que serve? Não tenho nada. Quando você não tem nada, o que tem a perder? Será que liberdade é só mais uma palavra para quem não tem nada a perder? Muitas músicas, muitas perguntas e nem uma resposta. Acho que é o vinho de novo.

O tempo tem me mostrado que tenho bons amigos, são poucos e bem valiosos. Amigos são mais importantes que amantes. A dinâmica da relação é interessante, somos fieis uns ao outros, sempre que podemos estamos juntos e se não der não deu. Somos simples. Por mais que os tempos estejam mudando os bons permanecem. Não temos horário. Se quisermos estar juntos estaremos. Somos como um bando de cachorros vira lata, precisamos de companhia, socializar é fundamental e fazemos isso sem regras ou protocolos, só fazemos, é natural. Não gostamos de superficialidades, regras de conduta tolas, boa educação pomposa. Tem coisas que a grana não compra, nossa estima por exemplo. Ou você tem ou não. Nosso mundo tem um modo próprio de funcionar, se você entende acaba se tornando um de nós se não azar o seu. A liberdade está em nossa carne. Entendemos o real significado da palavra e não tiramos a liberdade de ninguém. Nunca. Se quiser companhia até se sentir melhor pode sentar-se ao meu lado e ficar o quanto quiser e depois partir.

Mais um gole, a cidade está lotada. No Rio de Janeiro pessoas foram detidas por mijar na rua, vejo na TV um velho reclamando que as pessoas mijam na rua. Tá bom, você nunca fez isso não é coroa? Hipócrita. A polícia realmente não tem mais o que fazer no carnaval? Ridículo. Vamos pedir piedade. Para essas sementes mal plantadas com cara de aborto, que não mudam quando é lua cheia. Para quem não sabe amar... Senhor dê-lhes grandeza e um pouco de coragem. Para as pessoas fracas que estão nesse mundo e perderam a viagem só mesmo um blues da piedade em pleno carnaval. Às vezes penso que falta em algumas pessoas a consistência que vejo nas canções. Pais que cantem Hei Jude para seus filhos dormirem, que contem histórias, que escutem suas crianças. Faltam pessoas que ouçam as outras, procurem entender seus dramas. Falta um presidente que não faça piada com o meio ambiente, que demonstre um pouco mais de respeito por aquilo que ele não compreende. Ignorância não é crime contanto que não seja propagada. E o prejuízo vai ser pago pela gente toda, é foda. Outro gole, esse vinho é bom mesmo. Agora ele está ótimo, amanhã é uma outra história... e que venha a segunda feira de carnaval.

Um comentário:

Pronome Indefinido disse...

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
Cecília Meireles