quarta-feira, 24 de março de 2010

Música também emburrece


Hoje é dia de ficar na praia que fica na frente do meu hotel. O tempo não é dos melhores, não vale a pena ir para lugares melhores para pegar chuva e a ressaca impede uma longa caminhada.

Paro numa barraca que já tinha ficado, ali sento, peço uma água com gás e curto a vista, que apesar de chuvosa continua linda. A música não está boa, lembro que no dia anterior havia tocado Zeca Pagodinho então chamo o garçon:

-Gerônimo! Vem aqui, rapidinho!
-Fala!
-Então Gerônimo, tem como colocar um Zeca Pagodinho?
-Não sei se tem...
-Têm, tocou ontem...
-Vou ver lá!

Ele vai para a barraca e logo começa a tocar as músicas do artista que eu havia pedido.
Eu, cantando baixinho, relembro uma conversa que tinha tido com um outro Brasiliense no dia anterior. Conversávamos sobre a situação política de nossa cidade, eu manifestando minha costumeira indignação e ele me choca afirmando que votaria novamente no governador que se encontrava encarceirado por bandidagem.

A vista não combina com tamanho desgosto, então resolvo pensar noutra coisa... deixo as ondas e o Zeca levarem meus pensamentos para lugares bons. Até que uns caras que se sentavam na barraca do lado chamam o Gerônimo:

-Garçon!!!!
-Pois não?
-Cara, aqui só tem gente jovem, tira essa música de velho aí, coloca um chiclete aí!

Gerônimo tem que agradar seus clientes, entra e troca por uma banda cover da banda de axé. Os garotos dão os gritinhos satisfeitos de ouvir, provavelmente, as músicas que estavam escutando antes de chegar na praia e as que ouviram na farra da noite anterior.

Não me levem a mal, não curto Chiclete com banana, mas também não tenho nada contra a banda ou de quem gosta dela. Mas eu costumo ter raiva de gente ignorante!

E outra, ser jovem não é desculpa para ser estúpido ou acéfalo! Se você não é capaz de compreender qualidade musical ou importância cultural fique calado! Ou se instrua! Não que eu seja um grande conhecedor de música ou da nossa cultura (e o Brasil é um país tão rico culturalmente que ninguém nunca será um grande conhecedor dela), mas eu tento manter a cabeça aberta.

Se esses garotos perdessem menos tempo pensando nos números de mulheres que eles beijaram na noite anterior e talvez pegassem um livro, ou um bom disco de um bom artista, talvez eles entenderiam que algumas coisas são atemporais! Afinal de contas uma hora a música vai parar e alguém vai conseguir ouvir as asneiras que eles têm para falar!

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