terça-feira, 8 de julho de 2008

Férias


Depois de 11 meses de trabalho você começa a ficar rabugento, brigão, menos produtivo, os dias são mais longos e os fins-de-semana mais curtos, está na hora de tirar férias.

Acontece que estou meio desacostumado a tirar férias, o que pode parecer estranho para quem sabe que eu me formei a apenas um ano, e olha que as férias da UnB são bem compridas, dois meses quando não tem greve. Mas o que aconteceu comigo é que eu comecei a estagiar cedo, e ser mão-de-obra barata tem muitos pontos negativos, um deles é não poder tirar férias. Claro que é tranquilo trabalhar só meio período nas férias, mas todos hão de convir que férias tem que ser férias e acordar cedo para trabalhar durante suas elas não é muito agradável, além de impedir que se viaje.

Pois bem, estou finalmente de férias e eu percebi que estou com um vício, o vício da desculpa das férias. Claro que temos o direito de nos tornarmos mais prequiçosos, podemos comer e beber mais, dormir até mais tarde... Mas eu percebi que as coisas começaram a se tornar exageradas. Por exemplo, beber uma breja gelada na hora do almoço, de tarde ou à noite numa segunda-feira, qualé, estou de férias. Mas acordar às 9h30, na casa da sua vó, dar bom-dia para os familiares, abrir a geladeira, pegar a cerva que sobrou de domingo para desjejum, olhar para o olhar torto de sua mãe e dizer "Qualé, mãe, estou de férias!" qualifica o vício da desculpa das férias.

Agora o problema é quando o vício da desculpa passa para seus familiares contra você. Isso ocorre quando você está de férias e seus familiares começam a te cobrar um monte de tarefas porque você está à toa e eles não. Por exemplo, voltemos para aquela segunda-feira, você está abrindo a geladeira para pegar aquela cerveja e sua mãe interrompe o processo e diz "Meu filho, você pode ir na Imobiliária pagar o condomínio do apartamento?", você, com sono e mau-humor responde "Ah não mãe, pede para o Antônio!" (antes mesmo de terminar o nome do irmão você pensa "Puta que pariu, lá vem...") e sua mãe responde "Meu filho, o Antônio tem aula hoje o dia inteiro, você não tem nada para fazer, faça esse favor para mamãe...". Você tem que ir, não adianta argumentar.

O que não se pode esquecer é que estar de férias implica não fazer nada, e nas férias fazer nada é fazer alguma coisa, é a principal atividade das férias e toma muito tempo. É por isso mesmo que a língua inglesa muito bem escolheu a palavra "vacation" que é originária do português "vaca" que é ficar no pasto aparentando fazer nada, mas que de fato algo muito importante se está fazendo, que é ruminar, também conhecido como ócio produtivo.

Beijos loucos,

Quem.

2 comentários:

João Paulo disse...

senhor pronome indefinido, o texto ficou bom mas como te disse vc já escreveu melhores. Achei genial a história da palavra "Vacation" hehehe.
Abração

Anônimo disse...

Gostei do texto! Acho que no próximo texto, você pode escrever sobre o suplício que é voltar de férias... aquela sensação de que chegou o corpo, mas a alma ficou em algum lugar no meio do caminho!